Vivências na Divisão de Turismo em Querência do Norte, Paraná: Relato de experiências

 



Atendendo o teor da minha temática de pesquisa, História Ambiental e a natureza, optei por buscar algum espaço que atuasse em consonância com isso. Estabeleci, a partir disso, contato com o responsável pela Divisão Municipal do Turismo, pertencente à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico do Município de Querência do Norte, Guto Berto. Nos primeiros diálogos, que ocorrem via plataforma de mensagens Whatsapp, apontamos as possíveis intervenções que eu poderia realizar no decorrer do estágio, inclusive planejamos possíveis datas e horários que poderíamos pôr o estágio em prática.

Definimos que, mesmo o setor não atuando diretamente com o meio ambiente, eu poderia estagiar fazendo observações sobre como o turismo é pensado para a região, as ações que promovem, a importância do turismo para o desenvolvimento econômico da cidade e possibilidades oferecidas pela natureza da região para o turismo. Portanto, as expectativas para o estágio consistiam em: observar a atuação de quem pensa o turismo para o município; a possibilidade de haver uma utilização do espaço natural como turístico; como o turismo é pensado para municípios pequenos; as possibilidades do setor para usar a cultura, história e tradição da região e, caso sim, quais elementos são esses; refletir sobre como o historiador poderia atuar nesses espaços; e o que a História Pública poderia dar de contribuição para esse setor.


     No dia 15 de setembro fiz o meu primeiro contato com o espaço físico da Divisão Municipal de Turismo. Ela fica localizada na praça central da cidade, próximo à Prefeitura e à Câmara Municipal. Por conta de um imprevisto na sua agenda administrativa, o diretor de turismo Guto Berto não pôde me atender pessoalmente. Via ligação, decidimos que no segundo encontro discutiríamos a logística do estágio e faríamos discussões primárias sobre o turismo na região. Diante dessa reorganização no cronograma, optei por realizar uma breve avaliação externa do espaço físico da divisão.

            Como apontado anteriormente, a Divisão de Turismo está localizada na Praça Central da cidade. No seu entorno podemos encontrar restaurantes, uma bicicletaria, uma loja de móveis, um supermercado, casas residenciais, uma farmácia, uma sorveteria, um escritório de contabilidade, uma padaria, uma instituição bancária, uma clínica odontológica e, além de outros espaços, temos a Igreja Matriz. As ruas que contornam a praça concentram um significativo tráfego de pessoas e veículos, demonstrando a sua boa localização na circulação cotidiana dos munícipes.

Na praça, os elementos encontrados foram diversos, dou destaque para os seguintes: a circulação de sujeitos é considerável; tem uma academia ao ar livre; temos um parquinho de brinquedos, um playground para que as crianças podem se divertir; o espaço hospeda vendedores de alimentos variados; as árvores, de tipos variados, ganham destaque pela beleza que atribuem à paisagem e pela boa sombra que ofertam; além disso, podemos ver plantas floridas que contribuem para que o espaço seja agradável; em uma das sombras de árvore, senhores jogam, disfrutando da companhia e atenção uns dos outros; por fim, destaco a Divisão de Turismo, com uma boa estrutura física. Na fachada observei uma placa que informa que o espaço é destinado ao setor; uma das janelas possui um adesivo que traz ia montagem de várias fotos que demonstram importantes pontos para a cidade, como a estátua do Cristo e os portos. Considero esse espaço, externamente, de grande relevância para a atuação da divisão.

                              

    Em 22 de setembro voltei para mais um dia de vivências na Divisão de Turismo. Logo que cheguei, fui direcionado para o interior do espaço físico do departamento onde pude realizar a observação interna do lugar, destaco: há uma sala pequena destinada para o almoxarifado, um banheiro e uma copa; são dispostas duas mesas de escritório, sendo que uma delas é equipada por computadores e impressoras; nas paredes estavam alguns banners que apresentam os principais pontos e aspectos turísticos da cidade, por exemplo o rio e as praias que destacam o ecoturismo; também, nas paredes são expostos recortes de jornais e certificados que destacam a atuação da divisão no município e na região; por fim, ganha destaque o Certificado do Ministério de Turismo reconhecendo o Conselho Municipal de Turismo de Querência do Norte como integrante do Mapa do Turismo Brasileiro.


             A Divisão de Turismo também está presente nos espaços digitais, contando com site, Facebook e Instagram. Em conversa com o diretor de turismo Guto Berto, dialogamos sobre como o município tem se preocupado com as demandas turísticas da região. Constatamos que a cidade de Querência do Norte possui um grande potencial turístico a ser explorado, desenvolvido e, com essa dinâmica, desenvolver-se também econômica e socialmente. No aspecto histórico e geográfico, temos diversos trabalhos acadêmicos que dão destaque para a importância da região, como os trabalhos de Lúcio Tadeu Motta, Adélia Haracenko e Maurílio Rompatto. Artefatos indígenas encontrados durante o manejo da terra em fazendas, a cruz missioneira que se relaciona com o êxodo guairenho do século XVII e a revolta dos 18 tenentes corroboram que a região em que está o município tem possibilidades para ser uma atração para aqueles que querem conhecer a história da cidade, do estado e do próprio país. Culturalmente, temos as festas religiosas que atraem fies de outras cidades, como a Caminhada das Rosas, que valoriza o turismo religioso.

    As festas típicas também estão presentes e, nas tradições, destaco os assentamentos rurais do município, pois demonstram a tradição de luta do povo querenciano, o plantio do arroz irrigado e cultivo do ginsen. Essa planta nos ajuda a entender a diversidade natural que existe ali, onde encontramos três tipos de solo, ilhas, o encontro dos rios Ivaí e Paraná, praias de água doce, fauna diversa e vários portos. Todos esses aspectos têm sido divulgados nas mídias digitais. No ano de 2021, a Divisão de Turismo atuou em parceria com a Secretaria de Educação municipal para produzirem uma cartilha de sensibilização turística para os alunos do 2º, 3º e 4º ano da rede municipal de educação. Nesta cartilha, é apresentado elementos como breve história do município, pontos turísticos e cuidados ambientais. O diretor Guto apresentou os diversos projetos e encaminhamentos que têm apresentado para o município, incluindo a recente lei aprovada que dispõe sobre a criação de um museu histórico e natural sobre a região.


            A História Pública é um espaço de diálogo da produção do conhecimento, não apenas divulgação da História. A produção do saber acontece de forma compartilhada, sendo que o foco no lugar artesanal da produção é maior que no resultado, o produto. Esse movimento, que busca a produção contributiva, colaborativa, devolutiva e dialogada contribui para a ocupação do espaço público. Como ponte e conexão, a História Pública busca agir para transformar a sociedade, a exemplo das contribuições para as lutas ambientalistas. Neste espaço de atuação em que estagiei, pude pensar que o historiador traria contribuições para a construção do conhecimento bem como no planejamento de atividades turísticas, desde os atrativos históricos até os naturais. A experiência foi muito importante para meu crescimento profissional e pessoal. Portanto, agradeço ao diretor Guto Berto e a Divisão de Turismo do município de Querência do Norte.


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