O Padre Jesuíta João Daniel, amante da Natureza Amazônica do século XVIII.

 


    O jesuíta João Daniel entrou para a Companhia em 1739, ainda em Lisboa, dois anos depois (em 1741) chegou ao Estado do Grão-Pará e Maranhão aos 19 anos de idade. Resultante das observações e preocupações do período que, como padre missionário, andou pelas Fazendas e Aldeias do Grão-Pará (1751- 1757), a obra do Jesuíta padre João Daniel tem sua construção no cárcere contando com a memória. Pode-se considerá-la, uma extensa monografia sobre a Amazônia.


    O padre jesuíta João Daniel permaneceu na Amazônia durante dezesseis anos (1741- 1757), como padre missionário apenas seis anos, período em que visitou aldeias e estabelecimentos rurais, residindo na fazenda de Ibirajuba. Em 28 de novembro de 1757 saiu da Cidade de Belém do Pará desterrado para o Reino, sob a alegação atribuídas aos jesuítas de propósitos contrários à soberania do império lusitano no Novo Mundo.

    A obra Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas, do padre João Daniel retrata a região amazônica, norte da América Portuguesa, entre os anos de 1741-1757, período no qual o jesuíta esteve na região. João Daniel nasceu em Travassos, Portugal, em 24 de julho de 1722, com 17 anos ingressou na Companhia de Jesus, em Lisboa, e aos 19, foi mandado para o estado do Maranhão e Grão-Pará, no Brasil, onde terminou sua formação estudando Humanidades e Filosofia no Colégio de São Luís. Em 1751 foi ordenado padre iniciando os seus trabalhos como missionário, com ações de percorrer aldeias e estabelecimentos rurais.

https://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/historia-do-brasil/america-portuguesa/8771-as-miss%C3%B5es-religiosas-e-a-ocupa%C3%A7%C3%A3o-do-vale-amaz%C3%B4nico

    Em 1757, seis anos depois, foi deportado para Portugal junto com nove outros missionários, dois anos antes da expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e de todas as suas possessões ultramarinas. O motivo do desterro foi a discordância do Diretório dos Índios, uma lei editada em 1755 pelo Marquês de Pombal, e implementada pelo seu irmão Francisco Xavier de Mendonça Furtado.

https://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-conquista-da-amazonia/

    Durante seu exílio, por quatro anos esteve no forte de Almeida, posteriormente sendo transferido para a torre de São Julião, onde permaneceu recluso por cerca de quatorze anos, falecendo em 19 de janeiro de 1776. A crença de que a obra Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas tenha sido escrita durante os seus 19 anos de prisão, de modo que a memória do padre jesuíta João Daniel foi a sua melhor fonte para escrever sobre suas experiências e vivências no Norte da América Portuguesa. Nesse sentido, as experiências e condições de vida de João Daniel estão essencialmente ligadas à sua produção. Nas suas memórias aparecem o ideário Iluminista com uma racionalidade de Filosofia Natural proposto pela Moderna Ciência do século XVIII. 

Forte de São Julião atualmente

    A proposta de João Daniel via no Estado do Grão-Pará e Maranhão não uma simples reserva de produtos para o enriquecimento de Portugal, mas uma extensão do reino. O modelo que estava disposto por João Daniel trata-se, de um modelo distinto da sociedade e da economia em vigor no período colonial, que pretendia estimular o dinamismo interno da economia e possibilitar o assentamento de colonos portugueses em pequenas propriedades, cujo cultivo assegure o provimento de alimentos para o núcleo familiar e para toda a colônia, por meio da comercialização interna do excedente.

Marquês de Pombal 

Referência:

MORAES, E. M. A. de; ROCHA, D. G. A. da. Os Tesouros da Amazônia e a “Utopia” de uma Agricultura Próspera no Século XVIII: Educação e método nas memórias do jesuíta João Daniel (1722 – 1776) . RELPE: Revista Leituras em Pedagogia e Educação[S. l.], v. 6, n. 2, p. 154–173, 2022. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/relpe/article/view/14964. Acesso em: 28 dez. 2022.

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