“Ota Benga e Sarah Baartman”: exemplos da violência neocolonial no continente africano


A “herança” da violência neocolonial no continente africano se perpetua até hoje e deixa seus rastros em outros continentes. Vamos ver brevemente sobre as ações de violência do neocolonialismo no continente africano bem como a violência dos europeus contra Ota Benga e Sarah Baartman.


Por Mariana de Barros Augusto e Gabriel Rocha.


Fonte: http://www.todoestudo.com.br/wp-content/uploads/2016/08/neocolonialismo-1.jpg


“Ota Benga e Sarah Baartman”: exemplos da violência neocolonial no continente africano



No livro “Neocolonialismo – último estágio do imperialismo” N’Krumah diz que o neocolonialismo “É a soma dessas tentativas modernas para perpetuar o colonialismo, ao mesmo tempo em que falam em liberdade, que veio a ser conhecida como neocolonialismo” (1967, p. 281). Sendo assim “neo” traduz o status político do Estado “explorado” e ao mesmo tempo diferencia das ações das “novas metrópoles” o lugar dos novos-colonizadores promovendo uma ruptura entre o passado e o presente. 

O avanço do neocolonialismo se insere no continente africano já de forma violenta com a partilha da África, que ocorreu com a divisão do continente durante o século XIX e que finalizou com a Conferência de Berlim (1884-1885). A expansão europeia para o continente africano, no século XIX, foi justificada pela opinião pública como a necessidade de “civilizar” este território. Abaixo está um mapa que demonstra como ficou o continente após a Conferência de Berlim reconhecer as fronteiras dos territórios já ocupados e estabelecer as regras sobre as futuras ocupações no continente africano, desrespeitando os reinos africanos que viviam dentro de fronteiras naturais definidas de acordo com os grupos étnicos que compunham estes reinos. 


Mapa da Partilha da África

Fonte do Mapa: http://agora-espacoreflexivo.blogspot.com.br/2011/09/as-causas-e-efeitos-da-partilha-da.htmln



Entre 1890 e 1914 mutações dramáticas verificaram -se na África oriental. O colonialismo foi imposto ao povo, de modo violento na maior parte dos casos, ainda que às vezes a violência afivelasse a máscara da lei e do direito. As reações africanas ao primeiro impacto foram uma mescla de confronto militar e tentativas diplomáticas, no vão esforço de preservar a independência. Onde os africanos não reagiram de uma ou outra dessas maneiras, aceitaram a invasão ou permaneceram indiferentes, salvo quando lhes impunham exigências diretas. 

O estabelecimento do colonialismo significou a reorganização da vida política e econômica das populações. Tributos foram impostos. O trabalho forçado e a privação geral dos direitos políticos tornaram -se a regra. Alguns africanos reagiram de modo violento a tais mudanças (p. 188). A ação neocolonial na administração também foi violenta, por exemplo, no Congo belga, grande número de chefes tradicionais haviam sido destituídos e substituídos pelos “chefes dos brancos”, segundo a memorável expressão do governador­‑geral Pierre Ryckmans. Os sistemas administrativos das potências britânica e belga correspondiam às suas respectivas estratégias de exploração. 

Fonte:https://1.bp.blogspot.com/BY6L5nVpa0o/X9LQ88E3fpI/AAAAAAACpZE/TJ_Gg62PN0IGiy_Hl0CK1AQods3TqwOMQCLcBGAsYHQ/s16000/unifor_2021_indagacao_16.jpg

Para além de todas essas ações, vamos demonstrar dois casos específicos: Ota Benga e Sarah Baartman. Eles sofreram com os aspectos do neocolonialismo em considerar o europeu civilizado, mais desenvolvido e com o direito de subjugar os povos africanos. A Sarah Baartman foi transformada em uma atração de circo em Londres e Paris após ser levada para a Europa por um médico, as pessoas visitavam o circo para observar suas nádegas. 


Em outubro de 1810, Sarah Baartman foi levada da África do Sul à Grã-Bretanha para aparecer em espetáculos.


Recebendo o nome artístico de "A Vênus Hotentote", Sarah passou anos sendo exibida em feiras europeias e mesmo após a sua morte continuaram utilizando de seu corpo e suas características como forma de entretenimento, expondo seu cérebro, esqueleto e órgãos sexuais em um museu de Paris até 1974.


A Vênus de nádegas belas e as curvas de uma mulher esteatopigia


O caso de Ota Benga, um garoto africano que foi sequestrado e levado para aos EUA, primeiramente foi exibido na Exposição Universal de 1904 em St. Louis, em seguida ele foi exposto no Museu Americano de História Natural, depois foi levado para ser atração em um zoológico. Ota foi colocado em uma jaula no Zoológico do Bronx, na mesma seção onde ficavam os macacos e apresentado como se fosse um canibal.


Fonte: https://imagens.mdig.com.br/gente/ota_benga_01.jpg


O objetivo dessa exposição era "revelar a evolução humana" por meio de uma "espécie inferior". em 1906, um grupo de pastores negros passou a protestar contra a exposição do jovem, Ota foi libertado e com o passar dos anos planejava sua volta para africa, no entanto Ota Benga faleceu de modo trágico, acometido por uma depressão em 20 de Março de 1916 por meio de um suicídio, no qual uma bala atingiu o seu coração, faleceu aos 32 anos.



Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f3/Ota_Benga%2C_sharpened_teeth_and_spear.jpg/220px-Ota_Benga%2C_sharpened_teeth_and_spear.jpg


    A “herança” da violência neocolonial no continente africano se perpetua até hoje e deixa seus rastros em outros continentes. Sendo assim, é possível identificar a influência das consequências dessas ações na atual conjuntura de violência contra corpos negros. Para compreender o processo histórico que leva a legitimação da violência contra negros é necessário e extremamente importante o estudo sobre Historia da África. Quando estudamos o continente africano somos capazes de perceber como todo processo histórico que o atingiu influencia até hoje os problemas atuais e a vida de negros e negras em todo o mundo.

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Comentários

  1. ótima abordagem! A história de Sarah é extremamente triste e chocante.

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  2. Mariana de Barros Augusto e Gabriel Rocha, ótimo trabalho, excelente opção de pesquisa... Parabéns!

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