O pintor francês Jean-Baptiste Debret foi um dos principais artistas que integraram
a denominada Missão Artística Francesa, isto é, uma expedição de artistas que veio para
o Brasil em 1817 amparado por D. João VI, que havia elevado o Brasil à condição de Reino Unido, em 1808, e aqui residia. A vinda do pintor francês encontra-se ligada
aos prodigiosos sucessos que sacudiram o mundo no fim do século XVIII e começo
do século XIX. Debret recebeu oferta para ir à Rússia ou ao Rio de Janeiro. Optou pela
segunda opção, um dos motivos foi o Brasil ser uma região recoberta de floresta
virgem, cortada por rios, habitada por índios e uma fauna incontável e acima de
todas as coisas, possuidora de uma riqueza a disposição para ser explorada.
As telas de Debret tinham
variados temas, indo desde o retrato de cenas do cotidiano até grandes eventos
da alta sociedade brasileira e da corte portuguesa no Brasil. Além disso,
Debret retratou a vida dos escravos negros e dos índios, e também reproduziu em
suas telas a variedade da flora e fauna. As telas do cotidiano representa a estrutura
da sociedade brasileira do século XIX. É o caso, por exemplo, do quadro em que
aparece o cortejo de uma família em direção à missa, como pode ser observado na
imagem a seguir:
Cortejo de uma
família brasileira do século XIX, retratada por Debret
Através desse quadro podemos
analisar que, o pai ou chefe da família está á frente, como forma de conduzir a
procissão, retratando assim uma sociedade patriarca, que segue de forma
organizada, seguido pelas filhas pequenas, em seguida de sua esposa e depois
dos criados (todos os escravos), a ama de leite, a servidora doméstica, o
criado homem, e atrás dele os dois meninos. Debret cria pinturas internas que também retratam o cotidiano,
mostrando dentro de suas casas, em diversas partes da casa, sala, cozinha,
quartos e etc.
É
possível analisar que ao centro está a esposa, ao seu lado em uma cadeira
possivelmente sua família, em volta de todo o cômodo se encontra criadas que
estão sempre a serviço, seja servindo levando algo ou customizando uma roupa
seus filhos no chão.
Seguindo o mesma análise de apresentação, mas agora retratando um
ambiente externo, Debret destaca em primeiro plano a brutalidade de como os
escravos eram castigados no Brasil durante o período de escravização de negros
trazidos da África. Inteiramente sem roupas e amarrado, sendo possível
apenas gritar. O Feitor de pele branca e em pé, retratando que ali possuía o
poder. Ao fundo da obra pode-se perceber o que parece ser outra cena de açoite
e podemos ver um segundo escravo amarrado em uma arvore.
Retrato de um escravo recebendo castigo, pintado por Debret
Graças às obras desse tipo,
podemos ver e analisar o tratamento que era realizado com os negros e a crueldade dos castigos que eles sofriam. Uma das obras mais
difundidas e a mais retratada nos livros didáticos no Brasil é a obra ‘‘Um jantar
Brasileiro’’:
Podemos ver nessa imagem que
a desigualdade social de acordo com a cor de pele, seguido
pela disposição dos personagens na cena, onde os escravos se encontram servindo
os brancos, como é o caso da mulher negra abanando a senhora branca, e outro
aposto para servir o casal diante de qualquer imprevisto que venha aparecer
durante o jantar. E como já vimos aqui as crianças negras sempre no chão,
representando inferioridade diante dos brancos. Abro aqui um parêntese: Através
da leitura desse quadro podemos concluir que é evidente a desigualdade social,
que só se senta a mesa quem possuir pele branca. Hoje essa cena infelizmente se
repete. Repito, infelizmente, hoje ainda presenciamos
acontecimentos que demonstram, de forma explícita, a desigualdade social
brasileira. Um exemplo disso, o que é retratado nas novelas brasileiras, em
que sempre a diarista, o mordomo é o de pele escuro e está sempre a serviço da
família branca.
Para
finalizar, Debret retratou a obra que serviu para a composição da bandeira
republicana do Brasil:
Bandeira do Império Brasileiro, pintado por Debret
Podemos concluir que assim como
os outros artistas que vieram para o Brasil, Debret contribuiu para o
desenvolvimento das belas-artes no Brasil e também soube construir uma
interpretação bastante rica da vida nos trópicos, podemos dizer que houve uma
nova interpretação do Brasil segundo Debret em suas telas.
REFERÊNCIA:
PRADO, João Fernando De Almeida. 1898. Jean Baptiste Debret. São Paulo, 1973..
REFERÊNCIA:
PRADO, João Fernando De Almeida. 1898. Jean Baptiste Debret. São Paulo, 1973..
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