O "ouro negro" do Império Brasileiro - breve observação da passagem do Ciclo da Cana-de-Açúcar para o Ciclo do Café.
"O cafezal exige, não há dúvida, um trabalho apreciável".(DAVATZ, Thomas. 1980)
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O Brasil teve diversos ciclos econômicos com diferentes produtos de importância principal. No período Colonial tivemos o Ciclo do Pau-Brasil( entre 1500 e 1550, no chamado período pré-colonial), o Ciclo da Cana-de-Açúcar(da segunda metade do Século XVI até final do Século XVII) e o Ciclo do Ouro( final do Século XVII, atingindo seu Auge no século XVIII e, posteriormente, declinando no começo do Século XIX). No período Imperial, a principal produção do Brasil para exportação foi o café, dando início ao Ciclo do Café (finais do Século XVIII, com o seu auge no Século XIX).
O Brasil teve diversos ciclos econômicos com diferentes produtos de importância principal. No período Colonial tivemos o Ciclo do Pau-Brasil( entre 1500 e 1550, no chamado período pré-colonial), o Ciclo da Cana-de-Açúcar(da segunda metade do Século XVI até final do Século XVII) e o Ciclo do Ouro( final do Século XVII, atingindo seu Auge no século XVIII e, posteriormente, declinando no começo do Século XIX). No período Imperial, a principal produção do Brasil para exportação foi o café, dando início ao Ciclo do Café (finais do Século XVIII, com o seu auge no Século XIX).
O
café é, sem dúvidas, uma das bebidas mais consumidas no mundo atualmente, sendo
não somente um fenômeno de agora. É de origem africana, da região da Etiópia
tendo o nome "café" provindo, provavelmente,
por ter sua origem na região de Cafa. O café chegou ao Brasil em 1727,
entrando pelo estado do Pará e cultivado na cidade de Belém, trazido pelo
militar Francisco de Melo Palheta. Tem início o Ciclo do Café e a expansão das
lavouras cafeeiras no período do Brasil Império. A partir do início do
século XIX ele representou a maior fonte de riqueza do país e o principal produto
de exportação. Nos anos seguintes, o café foi levado para o Maranhão e para o
Rio de Janeiro, onde foi cultivado na chácara do Convento dos Frades
Barbadinos. Levado para terras da Serra do Mar, chegou ao vale do Paraíba por
volta de 1820. De São Paulo foi para Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná.
A produção cafeeira no Brasil se tornou significativa pouco
tempo antes da emancipação política do Brasil, em 1822. No Segundo Reinado, sob
direção de D. Pedro II, o império se tornou estável e próspero. O café se
consolidou como principal produto de exportação no Brasil. Os emigrantes
europeus que vinham trabalhar nas fazendas cafeeiras tinham um tratamento
análogo a escravidão. Isso aconteceu porque o Brasil sofria pressão
internacional, principalmente da Inglaterra, para abolir a mão de obra escrava.
A solução para a adequação da elite cafeeira foi a mão de obra estrangeira. A
Inglaterra fazia fiscalização de navios, impedindo o trânsito de navios
negreiros, impossibilitando o tráfico de escravos pelo Oceano Atlântico. Mas
ainda havia o comércio interno de escravos, pois, quando se tem o declínio da
produção de açúcar, por conta do crescimento da importância do café como
produto de exportação que desbanca a produção do açúcar, há uma sobra de mão de
obra escrava que não é utilizada. Assim, os escravos são levados para a região
Sudeste do Brasil, passando das fazendas de açúcar para as fazendas de café.
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Fazenda Boa Vista – Bananal
Thomas Davatz, em
“Memórias de um colono no Brasil – 1850”, se preocupa em descrever sobre o
café. Ele explica que: “O cafeeiro, conforme já foi dito acima,
alcança no máximo a altura de doze pés e é planta cheia de galhos, desde a
base. Uma árvore das grandes, quando carregada de frutos e quando as cerejas
são cheias e não ressequidas ou enfezadas, pode dar para um alqueire ou mais de
café; quando se obtenha, porém, meio alqueire por árvore já é o bastante e para
isso são precisas árvores belas e sadias. Um fruto maduro de café é
perfeitamente semelhante a uma cereja de tamanho médio, de bonito aspecto e de
cor vermelho parda” (p. 52). Davatz escreve esse texto para descrever as
experiências que teve no Brasil quando veio da Suíça para trabalhar como colono
na Fazenda Ibicaba, SP.
Sede
da fazenda Ibicaba. Álbum de José
Vergueiro - Acervo Dra. Lotte Kohler (Munique)
Em continuidade, Davatz descreve o trabalho que o
colono tinha na colheita do café: “ A propósito da colheita do café convém
dizer ainda, que além de mãos e dedos hábeis e experimentados, é preciso dispor
dos objetos seguintes: lençóis para café (peças de pano ordinário de cerca de
quatro côvados e meio de comprimento por três e um quarto de largura),
peneiras, cestas capazes de um a um e meio alqueires, e esteiras (trançados de
caniços de quarenta a sessenta pés quadrados). Os lençóis de café são
estendidos sob a árvore, de modo a receberem as cerejas soltas dos galhos. Dos
lençóis o café passa para as peneiras e é libertado então das folhas e
gravetos. Depois disso, em outros lençóis, procede-se à seleção, retirando as
cerejas verdes que se misturaram às maduras, ou mesmo pedras e outras impurezas.
Desses lençóis passam os frutos escolhidos para as cestas onde são conduzidos
às esteiras. Estas já se acham estendidas junto ao caminho, sobre um pátio mais
ou menos plano. Todo o trabalho, até esse ponto, cabe exclusivamente ao colono”
(p. 53).
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O Vale do Paraíba
representou zonas pioneiras da produção do café na região sudeste do Brasil. A região do Vale do Paraíba era bastante apropriada
para a cafeicultura, pois era abundante em terras virgens e tinha um clima
favorável. A implantação das fazendas se deu pela tradicional forma de
plantation, ou seja, grandes propriedades, cultivo para exportação e uso de
mão-de-obra escrava. Depois disso, o café também começou a ser cultivado na
região Oeste Paulista. A história do Vale
do Paraíba e o café foi abreviada por causa do tipo de exploração predatória e
desmedida das terras, o que comprometeu de forma significativa a fertilidade
dos solos e a produtividade.
Fazenda da região valeparaibana
na época do Café
Referências: DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil (1850). Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.
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